Pesquisar neste blogue

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Como estamos lidando com os mecanismos utilizados via mídia e governo que nos convidam, incessantemente, para o consumo exagerado?

Mais uma excelente matéria publicada na internet sobre o que está sendo discutido na Rio+20!

Na matéria abaixo, tem-se uma análise em relação ao comportamento consumista que caracteriza, hoje, uma parcela significativa da população humana!

Diante da realidade debatida na Rio+20, necessário se faz uma tomada de consciência sobre a questão em pauta por parte de todos os atores envolvidos (governos, empresários, banqueiros, investidores, trabalhadores, população em geral), de modo que aja a concretização da mudanças necessárias para que a qualidade de vida humana se efetive, bem como a conservação e defesa da Natureza.

Leia a matéria abaixo e tire suas próprias conclusões!

Boa leitura! Boa reflexão!

Na Rio+20*, comunidade científica indica consumo voraz como 'fatal' para o planeta

5

Descrição: El PaísFrancho Barón
No Rio de Janeiro


Se os habitantes da Terra não modificarem radicalmente seus hábitos de consumo voraz e a população mundial continuar crescendo de maneira descontrolada, as consequências para a natureza e para as gerações vindouras serão nefastas. É a reflexão que a comunidade científica internacional quis levar para a mesa de negociações na Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável do Rio+20, que já começou na cidade mais turística do Brasil, com a participação maciça de governantes, instituições, organizações de índoles diversas e corporações de meio mundo.
Em um documento rubricado pela Rede Global de Academias de Ciência (IAP), um grupo de pensadores da comunidade científica com sede em Trieste (Itália) que engloba 105 academias de todo o mundo, alerta-se pela primeira vez sobre os riscos do consumo nos países do Primeiro Mundo e a falta de controle demográfico, principalmente nas nações em desenvolvimento. "Durante muito tempo o duplo debate sobre população e consumo esteve fora da agenda devido a sensibilidades políticas e éticas. São assuntos que afetam a todos, países desenvolvidos e em desenvolvimento, e devemos assumir nossa responsabilidade coletiva. Os atores políticos têm agora uma excelente oportunidade para lançar essa iniciativa nesta cúpula internacional do Rio de Janeiro", afirmam os presidentes do IAP, os professores Howard Alper e Mohamed Hassan.
A declaração divulgada pela comunidade científica parte de dados tão sangrentos quanto estes: atualmente nas ruas e estradas dos EUA circulam três veículos motorizados para cada quatro habitantes. Nas últimas quatro décadas o consumo de alimentos no planeta aumentou 15% (em termos de calorias), enquanto quase um bilhão de pessoas continuam subnutridas. A população mundial alcança hoje 7 bilhões de habitantes, mas se não forem tomadas medidas urgentes a previsão é que chegue, no melhor cenário possível, a 9,5 bilhões em 2050.
"Embora nos pareça que 2050 está muito longe, queremos nos adiantar aos acontecimentos e tentar que a voz dos cientistas seja ouvida. Esse crescimento ocorrerá principalmente nos países subdesenvolvidos, e poderemos chegar a uma população de 11 bilhões. Isto logicamente não é positivo se levarmos em conta que esses países não estão preparados para resolver seus problemas atuais e que com mais população esses problemas só farão agravar-se", explica Francisco García Novo, catedrático de ecologia da Universidade de Sevilha e membro da Comissão de Relações Internacionais da Real Academia de Ciências da Espanha.
"Temos de pressionar localmente para ter comportamentos de consumo mais sensatos. Por que precisamos ter na Espanha mais trens de alta velocidade que países desenvolvidos muito maiores? Para que tantos aeroportos? Esses excessos são comparáveis aos hambúrgueres de 800 gramas que tanto criticamos nos americanos. A conclusão do documento do IAP é que não é necessário viver assim. Ou, melhor ainda: é necessário não viver assim", declara García Novo.
Na declaração da comunidade científica se indica que as pautas de consumo exacerbado do Primeiro Mundo estão se deslocando perigosamente para os países em desenvolvimento: os milhões de telefones celulares e toneladas de "junk food" que invadem os lares pobres são claros indicadores dessa problemática. A ausência nos países pobres de políticas de planejamento familiar ou de prevenção de gravidezes precoces acaba de configurar um sombrio cenário de superpopulação. "Trata-se de dois problemas convergentes que pela primeira vez analisamos de forma conjunta", afirma García Novo.
O documento que chega à mesa de negociações do Rio+20 não se limita à análise de um grave cenário, mas também defende várias linhas de ação para conjurar males maiores, como "a inclusão dos fatores população e consumo nas políticas de redução da pobreza, governança global, educação, saúde, igualdade de gêneros, biodiversidade e meio ambiente". "A educação é chave para que as novas gerações entendam que o atual é um modo de desenvolvimento ruim e um modo de vida ruim." Esse debate, como quase todo o conteúdo desta cúpula, chega ao Rio+20 em um mau momento. Em plena crise, boa parte dos líderes nem sequer irá ao encontro.

*A Rio+20 é Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável,  ocorre de 13 a 22 de junho, no Rio de Janeiro. Não é uma reunião para discutir meio ambiente, mas sim como as esferas sociais e ambientais, além da econômica, também devem ser consideradas no desenvolvimento de um país.



Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

terça-feira, 19 de junho de 2012


CONVITE
A ONG portuguesa Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza tem o prazer de o convidar a estar presente no evento paralelo da Rio+20 sobre o tema , “O Que Nos Une a Todos – A contabilidade da nova economia”, co/organizado com o IIDMA - Instituto de Investigacion de Derecho Medio Ambiental de Madrid, a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e a Câmara Municipal de Gaia”.
O evento irá ter lugar no dia 21 de Junho, quinta-feira, entre as 14:00h e as 15:45h, no Espaço Arena da Barra, Auditório ARN-2, localizado na Avenida Embaixador Abelardo Bueno, 340, Barra da Tijuca e é composto pela estreia de um documentário palestra e debate.
O documentário foi todo filmado com imagens aéreas, às quais se juntam animações multimédia, tornando possível visualizar as relações de consumo e disponibilização de serviços ambientais a nível local e global.
Durante este documentário, aborda-se ainda a proposta da constituição de um suporte jurídico global, para capturar estas “externalidades” e construir um sistema de contabilidade. Para isso, propõe-se o reconhecimento de um Património Natural Intangível da Humanidade, relativo aos sistemas oceânico e climático.
 
Esperamos poder contar consigo!
A equipa do Condomínio da Terra

Link para cartaz: Clique Aqui
A proposta do Condomínio da Terra: Clique Aqui
 
Transporte: Se você estiver participando do Riocentro:
Por favor, saia do Riocentro 30 minutos antes, devido ao tempo necessário para as viagens do autocarro
Apanhar o autocarro para  Arena Barra (também chamado HSBC Arena) no mesmo local em que todos os autocarros terminam o percurso para o Rio Centro. 
Neste local, perguntar onde se apanham os autocarros para o Parque dos Atletas e Arena da Barra.Os autocarros tem uma frequência de 15 em 15 minutos.
Melhores cumprimentos

Paulo Magalhães

Coordenador Condominio da Terra/ QUERCUS
Praceta das Camélias, 58
4430-037 GAIA
Portugal
            +351 223 749 247      

Estamos atentos?

Está acontecendo um dos eventos mais importante já organizado nos últimos anos, com o propósito de elaborar/traçar metas que atendam as necessidades do Planeta Terra e todos seus habitantes, numa perspectiva sustentável : Rio +20!  Entretanto, apesar de sua importância, verifica-se pouca divulgação midiática, o que favorece ao desconhecimento da Conferência Rio +20 , por parte da maioria da população.

Dentre os diversos temas bases para o Desenvolvimentos Sustentável (em todos os níveis), que estão sendo discutidos, a produção de alimentos é um dos mais debatidos. Nesse aspecto, não se deve esquecer da grande importância dos pequenos agricultores para o abastecimento de alimentos em todo o planeta!

Para que esse tema seja melhor compreendido, a partir do que está sendo discutido na Rio +20, repasso o texto abaixo, publicado no Carta Maior (http://www.cartamaior.com.br).

Boa leitura! Boa reflexão!

 

A agroecologia e a esperança globalizada


A Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), um movimento que está integrado cada vez mais com os pequenos produtores e camponeses familiares, tanto no Brasil, como em redes internacionais, aprovou uma série de reivindicações para a Rio+20. "A verdadeira saída para a crise é fortalecer a agricultura camponesa, que mesmo sem o apoio dos governos satisfaz 70% da necessidade de alimentos do mundo”, diz Denis Monteiro, um dos coordenadores da ANA. O artigo é de Najar Tubino.

Rio de Janeiro - A Cúpula dos Povos é um evento diverso, mas também muito disperso. As tendas maiores onde se concentram as grandes discussões, estão espalhadas, mas alguém esqueceu de numerá-las na frente. A pergunta mais frequente é onde acontecerá tal palestra Onde fica a tenda número tal. E perdidos. Então além da busca por representantes dos movimentos sociais, é preciso correr para conseguir alguns minutos de conversa. No domingo, dia 17, consegui vencer a correria, depois de algumas horas participando de duas plenárias, uma sobre soberania alimentar, onde e economia solidária.

A agricultura e pecuária ocupam 30% da área continental do mundo, são cerca de 8,7 bilhões de hectares para cultivos, pastagens e florestas. Cerca de dois bilhões de hectares foram degradados desde a II Guerra Mundial. Essas atividades consomem 70% da água empregada nas atividades humanas. Números que impressionam, mas que só expressam o tamanho do problema que os povos enfrentam neste momento.

Recentemente a Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), um movimento que está integrado cada vez mais com os pequenos produtores e camponeses familiares, tanto no Brasil, como em redes internacionais, aprovou uma série de reivindicações para a Rio+20. Estão em debate, para fazer parte do documento final da Cúpula dos Povos, será redigido no dia 20, na abertura do encontro oficial no Riocentro. Denis Monteiro, um dos coordenadores da Ana estava na plenária e explicou os principais pontos.

“- Diante da crise econômica, as alternativas que os mercados e os governos estão incentivando não vão resolver o problema. Produzir mais agrocombustíveis não vai resolver a crise energética. Não adianta querer colocar preço nos serviços ambientais, para serem incorporados nos mecanismos de mercado. O REDD é uma mera compensação. A verdadeira saída para a crise é fortalecer a agricultura camponesa, que mesmo sem o apoio dos governos satisfaz 70% da necessidade de alimentos do mundo.”

As mudanças climáticas, a disseminação dos transgênicos o aumento do uso de agrotóxicos se encaixam nesse perfil de mudanças, se os parâmetros da agroecologia fossem incorporados na produção de uma maneira extensiva. O problema é que o sistema como um todo precisa mudar. E os incentivos sempre são encaminhados para o agronegócio. O fundamento da mudança é que mobiliza os movimentos como a Via Campesina. Não somente no Brasil.

Javier Sanchez Anso, espanhol da região de Aragon, membro da coordenação do seu país, está participando da Cúpula como representante da Via Campesina Europa – ele é um dos componentes do grupo que participarão das discussões no Riocentro. A Via Campesina Internacional foi criada em 1989, na Bélgica, com a idéia de fortalecer o movimento dos agricultores mundialmente, porque todos têm a mesma linha, a mesma preocupação, os mesmos interesses.

- “Entre as décadas de 1950 e 1980, na Europa foram implantadas as políticas neoliberais, que pregavam a ida dos agricultores para as cidades, precisam ser liberados para as indústrias, o comércio, ou fazer uma carreira universitária. Estavam todos impregnados de mercado. A Política Agrícola Comum dos países europeus, com o apoio do Banco Mundial incentivava a economia de escala e a exportação em grandes volumes. Foi uma época que junto com os Estados Unidos dominávamos a produção de alimentos no mundo. Ainda hoje, esse sistema de produção custa 50 bilhões de euros, ou cerca de 100 euros por cidadão na Europa, explica Javier Anso.

O pior é que ainda massacravam o mercado mundial com grandes estoques e crédito à vontade, com um ano de prazo para pagamento. O problema é que agora o barco mudou de direção. Na Espanha, apenas 6% das pessoas que trabalham no campo têm menos de 35 anos. E mais de 60% dos trabalhadores e produtores no campo têm mais de 60 anos. Ao longo das últimas décadas a União Europeia acabou com as políticas de acesso à terra, financiamento que liberavam propriedades de 4, 5 hectares, como algumas que ainda existem hoje em dia, em Aragon.

E agora, argumenta Javier, os pais dos jovens que antes iam para a cidade, não podem dar este conselho aos filhos. Porque o desemprego entre os jovens na Espanha é de 50%. A mudança do sistema agrícola com uma política de incentivo aos jovens, com informação e formação em agroecologia, é uma das saídas. É preciso um período de transição, com marco regulatório, afinal quem produz precisa saber em que condições poderão vender. Com ênfase nos mercados locais, estabelecendo uma relação entre consumidores das cidades e produtores vizinhos.

- Precisamos saber como daremos esse passo da transformação do modelo de produção, como serão os novos tributos, os financiamentos, as garantias reais para viabilizar o novo modelo. Posso garantir que 90% dos produtores não mudam para a agroecologia porque não tem legislação que ampare. "Inclusive em Aragon temos a maior área de transgênicos da Espanha, cooptados pelo próprio governo”, acrescentou Javier Anso.

Por isso, eles estão organizando outro tipo de fórum de discussão, estabelecendo novas alianças a nível mundial, chamado de “Foro Nieleny”. A Via Campesina da Europa congrega os 17 países da zona do euro, tem a moeda em comum, e conta com observadores, ou representantes solidários, na Geórgia, Sérvia, Bósnia e Rússia. Continua na mesma linha original: romper a lógica da organização, sair modelos atuais de fazer política e de organização. “Só com a luta comum poderemos mudar o sistema”, definiu Javier Anso.

O problema das temáticas, todas detalhadas, em vários blocos é que não identificam apenas um ponto a atacar. Esta é a proposta do boliviano Pablo Solon, trabalha na Tailândia, numa organização social chamada FOCUS. O alvo são os bancos, o sistema financeiro internacional, com seus trilhões de dólares rodando 24 horas por dia, em diferentes moedas, em aplicações bilionárias na área de alimentos, ou commodities – mercadorias que tem preço definido no mercado internacional.

- Nós podemos nacionalizar o gás, o petróleo, porém o verdadeiro setor que está sempre por trás de tudo, é o financeiro. E ninguém ataca os bancos. É o setor que mais ganhou especulando, do que produzindo. É uma realidade surrealista. Temos uma economia mundial que envolve US$63 trilhões de dólares, e calcula-se que existam l.5 quatrilhões em derivativos. Nem sabemos o que significa esta cifra. "São 250 vezes maior do que a economia mundial”, argumenta Pablo Solon.

A verdade é que nunca identificamos o verdadeiro culpado. A única saída é enquadrá-los. Mas quem vai fazer isso? A proposta de Solon é que os parlamentos nacionais desenvolvam a questão. Outro problema, pois é necessário muito esclarecimento para que os movimentos convençam a população do verdadeiro inimigo. De qualquer forma sem mexer no sistema financeiro, todas as outras mudanças estão prejudicadas. E é justamente esse sistema que está por trás da economia verde. Bônus e títulos de mercado serão negociados livremente em bolsas. Será o paraíso dos fundos de hedge, quem contam com bilhões para investimentos com retorno garantido. Junto com fundos de pensão internacionais e fundos de private equity, que compram empresas, formarão a base financeira da negociação dos bônus da economia verde.



FONTE: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20372&editoria_id=3




sexta-feira, 15 de junho de 2012


“Países em desenvolvimento podem evitar erros dos desenvolvidos”, diz presidente do Comitê Econômico e Social Europeu

Em entrevista à Carta Maior durante a Rio+20, o finlandês Staffan Nilsson, presidente do Comitê Econômico e Social Europeu (EESC, na sigla em inglês), organismo vinculado à União Europeia, disse que os países ricos devem assumir mais os custos da crise ambiental. Ele defendeu, porém, que os os emergentes absorvam as inovações de "tecnologia verde" já existentes, para evitar erros do passado. "Todos devemos agir juntos", afirmou.

Rio de Janeiro - Estabelecido em 1958, o Comitê Econômico e Social Europeu (EESC, na sigla em inglês), organismo vinculado à União Europeia, vem discutindo sistematicamente as questões relacionadas à Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável), que começou dia 13 e vai até 22 de junho. 

O finlandês Staffan Nilsson, seu presidente, está otimista quanto aos resultados da cúpula. Ele acredita que o peso da sociedade civil no evento pode forçar um bom acordo sobre o enfrentamento à crise ambiental. 

Embora faça um apelo para que todos – países em desenvolvimento e desenvolvidos – ajam juntos, Nilsson – que participa de um encontro da Associação Internacional de Conselhos Econômicos e Sociais e Instituições Similares – admite que os últimos devem assumir a maior parte da responsabilidade e aconselha as nações emergentes a aprenderem com os erros históricos dos países ricos. 

“Todo mundo deveria contribuir o máximo possível. Mas claro que os ricos podem atuar de um modo diferente, assumir mais do custo”, diz ele, que, além de antigo colaborador do EESC, é produtor rural em seu país. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

Carta Maior - Qual é sua expectativa para a Rio+20?
Staffan Nilsson - Existe algum compromisso, um roteiro a ser seguido. Os países realmente querem chegar a um acordo razoável sobre desenvolvimento sustentável.

CM - Mas, levando-se em conta os diferentes pontos de vista existentes, o senhor vê possibilidade de esse acordo sair?
SN - Se você puser todos os países do mundo juntos, sempre haverá diferenças. A solução é se comprometer, tentar se entender. Você não pode apenas expressar sua posição, você tem que entender a posição dos outros. E, como os negociadores estão se agrupando em blocos, acho que ainda é preciso haver um forte progresso, é preciso acelerar o processo para que, quando comece a conferência dos chefes de Estado [de 20 a 22 de junho], tenham poucas questões pendentes a solucionar. Deve-se solucionar o máximo possível de questões antes que cheguem os chefes de Estado. Mas eu quero ser otimista. Fiquei feliz que a União Europeia vem tentando desempenhar um papel muito forte e que tem falado em uma só voz. Eu espero que nossos parceiros no mundo, os grandes atores como a China e o Brasil, também desempenhem um forte papel. Nós focamos em quatro áreas principais. A principal preocupação é o desenvolvimento. Você sabe que no Brasil ainda é preciso tirar pessoas da pobreza. O segundo ponto é que queremos um acordo sobre direitos trabalhistas, trabalho decente e segurança. Terceiro: queremos um roteiro sobre uma economia verde. Precisamos ter um desenvolvimento econômico que não tenha apenas o PIB [Produto Interno Bruto] como indicador. O último ponto é o envolvimento da sociedade civil, porque há atores na base. Precisamos de todas as pessoas para forçar a execução desses acordos. Acho que as organizações da sociedade civil podem desempenhar um papel crucial apoiando as boas decisões políticas na Rio+20, pois os políticos normalmente querem ser reeleitos. Se sair um acordo, o EESC quer apoiar os líderes políticos que o firmarem. 

CM - Então o senhor acha que a sociedade civil tem o poder de fazer os líderes executarem as políticas que ela quer?
SN - Acho que temos sim. Se agirmos juntos, se ouvirmos os diferentes atores da sociedade civil. Pode haver diferentes mensagens, mas existem milhares de pessoas que querem que tenhamos um bom resultado, que assegure um desenvolvimento sustentável para o futuro. E precisamos disso. Haverá custos, mas será muito mais barato prevenir do que pagar quando houver uma catástrofe natural. Veja o que vem acontecendo com os países que estão sendo inundados pela água do mar.

CM - Alguns setores da sociedade civil criticam a economia verde. Dizem que é uma maneira mais de se lucrar com a crise climática. O que o senhor acha disso? 
SN - Não acho que a economia verde em si proteja algum país rico em particular. No campo dos negócios, alguns já estão agindo. Não esperam a legislação. Acredito que precisamos de atores da sociedade civil e dos negócios... mas é claro que são necessários acordos sobre uma legislação que regule isso. Porque todos podem contribuir. Claro que entendo que os países em desenvolvimento têm que ter responsabilidades diferentes dos desenvolvidos, mas temos que agir juntos. 

CM - Então o senhor concorda com o ponto de vista dos países emergentes de que as nações ricas devem assumir maior responsabilidade em relação à crise ambiental?
SN - Todo mundo deveria contribuir o máximo possível. Mas claro que os ricos podem atuar de um modo diferente, assumir mais do custo. Por outro lado, as possibilidades em inovação, em tecnologia verde, já estão lá. Os países em desenvolvimento podem evitar os erros cometidos pelos desenvolvidos. Erros que poderiam ter sido evitados com o conhecimento que temos hoje. Mas é claro que os pobres têm que sair da pobreza. 

CM - Os países em desenvolvimento argumentam que os países ricos devem mudar seus padrões de consumo e produção. 
SN - Devemos. Falamos de produção sustentável, consumo sustentável. Uma ferramenta que poderia ser usada muito mais, tanto para os serviços quanto para os produtos, é a pegada ecológica. Observar um produto do começo até o fim e definir qual é sua pegada ecológica... onde você pode economizar recursos. É a melhor maneira de comparar um produto com outro. 
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20344